quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014



A memória do trabalho manual de Gandhi: A roda de fiar 






Gandhi perguntou uma vez:

“De que tipo de serviço, as centenas de milhares de homens que povoam a Índia têm maior carência na época atual? Qual é aquele que pode ser facilmente compreendido e executado e que, ao mesmo tempo, auxiliaria a viver as multidões de meus compatriotas esfomeados?”

  O próprio Gandhi respondeu: trabalho manual. Na preparação para a militância, o trabalho manual foi uma das maiores armas do Mahatma para combater o Imperialismo inglês. A formação política, segundo Gandhi, propicia mediante esse treinamento corporal (que também é espiritual) e promove a libertação da servidão terrestre, a consagração ao serviço do próximo.

   O svadeshi, que significa serviço fraterno, poderia ser praticado através da roda de fiar que produzia o khaddar (tecido feito à mão). Tanto o svadeshi quanto o khaddar acabaram se tornando um símbolo de independência e de não-colaboração com as empresas estrangeiras. O svadeshi implicava a libertação da indústria, do objeto fabricado em série, do artigo estrangeiro, quando este supõe a desigualdade e a opressão.

  A Roda de fiar era a representação de vínculos que uniam Gandhi ao seu povo. Era o símbolo da luta contra o regime britânico. Não porque o artesanato possa substituir o sistema industrial, o que seria utópico nas circunstâncias atuais, mas porque o trabalho manual servia, no caso, de resistência, de combate ao sistema inglês através do trabalho, da não-violência. 

Texto baseado no capítulo "O Trabalho Manual: Uma leitura de Gandhi" do livro "O tempo vivo da memória", de Ecléa Bosi.

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