quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A Filosofia Cristã

Desde o princípio, o cristianismo sempre buscou se firmar como filosofia. Filosofia essa que tentava responder as questões do mundo através da mistura entre ciência e religião. A filosofia cristã bebeu muito da fonte dos hebreus, com a sustentação da fé e os ensinamentos de Jesus, mas sempre sentiu-se a necessidade de se firmar como pensamento humanamente coerente advindo dos gregos.

Apesar de questionarem a originalidade do pensamento cristão em relação ao grego, podemos citar algumas questões que o diferem, como por exemplo o "Lógos". Para os gregos o "lógos" era um instrumento de conhecimento da realidade em um esforço para encontrar seu lugar no cosmos, já que se entendiam como fazendo parte da natureza. Era o amor, Eros, o desejo que animava a busca para alcançar a virtude máxima, o Bem supremo e a perfeição do inteligível puro, porém inatingível. A esse impulso erótico, contrapõe-se o amor cristão, o Ágape, a caridade, o amor de Deus-criador para com suas criaturas, pois Ele é perfeito e necessário, criou as coisas por causa do Bem que provém Dele, gratuitamente. Deus é o próprio "Lógos", o Verbo que se revela como aquele que é (essencial e existencialmente) como princípio do universo e única fonte de sabedoria e verdade das coisas, dos homens e do mundo que são criadas por vontade de Deus.
Nos primeiros 7 séculos de existência do cristianismo a filosofia vigente foi a Patrística, que teve como principal pensador Santo Agostinho, que tomou o pensamento de Platão como base para seu olhar, para ele para se alcançar o mundo divino (mundo perfeito[mundo das ideias de Platão]), era preciso seguir o caminho da fé. Nesse período foi elaborado a doutrina das verdades de fé do cristianismo e na sua defesa contra os ataques dos "pagãos" e contra as heresias, como também, a difusão, a consolidação e a constituição do cristianismo. É a patrística a filosofia responsável pela elucidação progressiva dos dogmas cristãos e pelo que se chama hoje de Tradição Católica.

Para continuar o trabalho de adequar a herança do pensamento filosófico clássico às verdades teológicas, surge a Escolástica que teve seu auge com São Tomás de Aquino que tenta compatibilizar um sistema com o aristotelismo juntamente com o cristianismo no século XIII. Com a fundamentação no pensamento de Aristóteles, Tomás resgata a metafísica, a lógica, a científica, a filosófica da obra de pensador grego. Uma das principais preocupações dos filósofos medievais era fornecer argumentações racionais, espelhadas nas contribuições dos gregos, para justificar as chamadas verdades reveladas pela igreja, tais como a da existência de Deus, a imortalidade da alma. Nesse período, a Igreja Católica consolidou sua organização religiosa e difundiu o cristianismo, preservando muitos elementos da cultura greco-romana. É a época feudal, em que a Igreja Católica surge como força espiritual, política, econômica e cultura. Nesse período surge propriamente a filosofia cristã, a teologia. Seu tema principal é a prova da existência de Deus e da imortalidade da alma ou seja, a prova racional da existência do criador e do espírito imortal, com o propósito de explicar a relação homem e Deus, razão e fé, corpo e alma, e o Universo como hierarquia de seres, onde os superiores - divinos - dominam os inferiores. Baseados no aristotelismo, os argumentos de São Tomás revalorizam o mundo  natural, pois o mundo natural é criação de Deus. É assim que podemos conhecer Deus: por meio de sua criação, o mundo natural. Isso justifica o interesse pela investigação científica do mundo natural que surge na época e vai transformar a Europa nos séculos seguintes. 

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