Desde o princípio, o cristianismo sempre buscou se
firmar como filosofia. Filosofia essa que tentava responder as questões do
mundo através da mistura entre ciência e religião. A filosofia cristã bebeu
muito da fonte dos hebreus, com a sustentação da fé e os ensinamentos de Jesus,
mas sempre sentiu-se a necessidade de se firmar como pensamento humanamente
coerente advindo dos gregos.
Apesar de questionarem a originalidade do
pensamento cristão em relação ao grego, podemos citar algumas questões que o
diferem, como por exemplo o "Lógos". Para os gregos o
"lógos" era um instrumento de conhecimento da realidade em um esforço
para encontrar seu lugar no cosmos, já que se entendiam como fazendo parte da
natureza. Era o amor, Eros, o desejo que animava a busca para alcançar a
virtude máxima, o Bem supremo e a perfeição do inteligível puro, porém
inatingível. A esse impulso erótico, contrapõe-se o amor cristão, o Ágape, a
caridade, o amor de Deus-criador para com suas criaturas, pois Ele é perfeito e
necessário, criou as coisas por causa do Bem que provém Dele, gratuitamente.
Deus é o próprio "Lógos", o Verbo que se revela como aquele que é
(essencial e existencialmente) como princípio do universo e única fonte de
sabedoria e verdade das coisas, dos homens e do mundo que são criadas por
vontade de Deus.
Nos primeiros 7 séculos de existência do
cristianismo a filosofia vigente foi a Patrística, que teve como principal
pensador Santo Agostinho, que tomou o pensamento de Platão como base para seu
olhar, para ele para se alcançar o mundo divino (mundo perfeito[mundo das
ideias de Platão]), era preciso seguir o caminho da fé. Nesse período foi
elaborado a doutrina das verdades de fé do cristianismo e na sua defesa contra
os ataques dos "pagãos" e contra as heresias, como também, a difusão,
a consolidação e a constituição do cristianismo. É a patrística a filosofia
responsável pela elucidação progressiva dos dogmas cristãos e pelo que se chama
hoje de Tradição Católica.
Para continuar o trabalho de adequar a herança do
pensamento filosófico clássico às verdades teológicas, surge a Escolástica que
teve seu auge com São Tomás de Aquino que tenta compatibilizar um sistema com o
aristotelismo juntamente com o cristianismo no século XIII. Com a fundamentação
no pensamento de Aristóteles, Tomás resgata a metafísica, a lógica, a
científica, a filosófica da obra de pensador grego. Uma das principais
preocupações dos filósofos medievais era fornecer argumentações racionais,
espelhadas nas contribuições dos gregos, para justificar as chamadas verdades
reveladas pela igreja, tais como a da existência de Deus, a imortalidade da
alma. Nesse período, a Igreja Católica consolidou sua organização religiosa e
difundiu o cristianismo, preservando muitos elementos da cultura greco-romana.
É a época feudal, em que a Igreja Católica surge como força espiritual,
política, econômica e cultura. Nesse período surge propriamente a filosofia
cristã, a teologia. Seu tema principal é a prova da existência de Deus e da
imortalidade da alma ou seja, a prova racional da existência do criador e do
espírito imortal, com o propósito de explicar a relação homem e Deus, razão e
fé, corpo e alma, e o Universo como hierarquia de seres, onde os superiores -
divinos - dominam os inferiores. Baseados no aristotelismo, os argumentos de São
Tomás revalorizam o mundo natural, pois o mundo natural é criação de
Deus. É assim que podemos conhecer Deus: por meio de sua criação, o mundo
natural. Isso justifica o interesse pela investigação científica do mundo
natural que surge na época e vai transformar a Europa nos
séculos seguintes.
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