quinta-feira, 6 de março de 2014

Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo

Autoconhecimento e auto-realização são os dois pólos sobre os quais gira toda a vida do homem. “Conhecereis a verdade” – disse o divino mestre “e a Verdade vos libertará.” O autoconhecimento, que é a base da auto-realização, não é possível sem uma profunda meditação. O próprio Cristo, antes de iniciar a sua vida pública, passou 40 dias e 40 noites meditando no deserto e, durante os três anos da sua vida pública, referem os Evangelhos, Jesus passava noites inteiras na solidão do deserto, ou no cume de um monte, em oração com Deus. O homem não é o seu corpo, nem a sua mente, nem as suas emoções, que são apenas o seu invólucro, o seu ego periférico.

O homem é o seu Espírito, a sua Alma, o seu Eu-central, e para ter plena certeza deve o homem isolar-se temporariamente de todas as suas periferias ilusórias, para ter a consciência direta e imediata da sua realidade central, isto é, meditar para encontrar consigo mesmo e com Deus. Quando o homem olha para si e compreende sua natureza divina assim como o Cristo ele se torna pleno. Analisar criador e criatura por este ângulo torna a compreensão da natureza do Cristo. Como ele mesmo disse: “Não sou eu que faço as obras, é o Pai em mim que fez as obras, de mim mesmo eu nada posso fazer”. Ou na linguagem de Paulo de Tarso: “Eu morro todos os dias, e é por isso que eu vivo, mas já não sou eu que vivo, é o Cristo que vive em mim”. Ainda Cristo: “Se o grão de trigo não morrer, fica estéril, mas se morrer então produzirá muitos frutos”. O ego é simbolizado por um grão de trigo, ou uma semente qualquer , o Eu é a própria vida do gérmen, que está na semente. O gérmen vivo do Eu não pode brotar, se a casca do ego não se dissolver. Quem não tem a coragem de morrer voluntariamente, antes de ser morto compulsoriamente, não pode viver gloriosamente no mundo presente. É necessário que o homem morra para o seu ego estéril, para que viva o seu Eu Divino.

O divino mestre diz: “Orai sempre e nunca deixeis de orar”. Orar não quer dizer rezar, que é recitar fórmulas. Orar é abrir-se, deixar-se invadir pelo Infinito; isto, segundo os mestres, é orar. Esta meditação permanente, esta meditação atitude, de que fala o Cristo, tem que ser precedida por atitudes. Então compreenderá o homem o que o divino Mestre quis dizer com as palavras: “Orai sempre e nunca deixeis de orar”, isto é, ter sempre a consciência da presença de Deus (Infinito), mesmo sem pensar nada. Esse homem vai ser invadido, por assim dizer, pela alma do próprio Universo. Este universo não está fora dele, está no seu próprio centro, é a sua consciência central, o seu Eu, a sua alma, o seu espírito. As suas periferias vão ser invadidas pelo seu centro. Se o homem consegue esvaziar-se completamente de todo o seu ego humano, infalivelmente vai ser invadido pela alma do universo, que não está fora dele, mas dentro dele mesmo. Esta invasão é automática, mas o esvaziamento do nosso ego é nossa tarefa própria. E aqui está a grande dificuldade: o nosso ego não quer ser esvaziado das sua atividades, porque ele não sabe nada fora disto. A meditação, enquanto estilo de vida, ameniza os problemas da vida humana. O meditante sentirá, pouco a pouco, firmeza e segurança, paz e tranquilidade e uma profunda e permanente felicidade. Todos os problemas dolorosos da vida serão aliviados depois de encontrar consigo e ver a Deus.

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